quarta-feira, 5 de março de 2014

Destaques da semana


1.   Fonseca e os oito meses de equívocos
Aconteceu o que há muito se adivinhava. A ligação de Paulo Fonseca ao Futebol Clube do Porto terminou, depois de pouco mais de oito meses de equívocos e que tiveram o auge nos últimos jogos. Recorde-se que os dragões chegaram a ter cinco pontos de avanço sobre o Benfica e agora estão a nove dos encarnados.
Referi-me a uma sucessão de equívocos recordando, por exemplo, a indefinição de Paulo Fonseca em relação ao triângulo do meio-campo ou a forma como foram compensadas pela SAD portista as saídas de jogadores essenciais como João Moutinho ou James Rodriguez (Herrera e Licá, por exemplo, são incomparáveis aos que saíram para o Mónaco).
Mas o maior equívoco, está visto, foi cometido por Jorge Nuno Pinto da Costa, a ser verdade que Paulo Fonseca foi uma escolha pessoal do presidente portista, indo contra quem preferia Leonardo Jardim. Embora seja justo que não sejam escondidos os méritos de Paulo Fonseca na ascensão como treinador, conseguindo sempre bons trabalhos em clubes como Pinhalnovense, Desportivo das Aves e em especial no Paços de Ferreira, há aqui uma questão lógica que salta à vista: qual era o projecto de jogo de Paulo Fonseca para uma equipa como o Porto, campeã em título?
Pinto da Costa escolheu Paulo Fonseca. Muito bem, está no seu direito. Muitas escolhas deste tipo deram certo no passado. Mas será que alguém perguntou ao treinador como é que pensava mudar o “chip” utilizado em equipas mais pequenas, embora com bons resultados? Todos sabiam de antemão que o Porto nunca poderia jogar da mesma forma que Paços jogou na época passada, por mais mérito que os “castores” tenham tido. Todos sabiam que com Fernando seria uma perda de tempo estar a treinar uma solução com dois médios defensivos no mesmo onze. Todos sabiam, mas ninguém deve ter perguntado a Paulo Fonseca se também pensava assim.
Costumo dizer que quem faz bons trabalhos em vários clubes diferentes, como por exemplo Leonardo Jardim, tem de ser bom treinador. E por isso continuo a dizer que Paulo Fonseca é um bom treinador. Mas mostrou que também os bons treinadores têm de conseguir pensar em função do que representa o clube que estão a treinar. Também por isto gosto de Jorge Jesus. Jogar “à Benfica” é jogar com dois avançados. Sempre foi, nunca devia ter deixado de o ser e espero que assim continue a ser no futuro.

2.   Luís Castro e Marco Silva
A solução encontrada pela SAD do Porto para fazer face à saída de Paulo Fonseca foi a promover Luís Castro, até aqui treinador da equipa B (e líder da II Liga) à equipa principal. Aconteceu o mais lógico. Primeiro porque fazer pior do que têm sido os últimos tempos não é fácil, depois porque Luís Castro é competente no que faz e se vier a sair no fim da época não vai criar problemas por ser um homem da estrutura, e por fim porque evita precipitações desnecessárias.
Muitos dizem que Marco Silva será o próximo treinador do Futebol Clube do Porto. Ninguém pode esconder a brilhante carreira que está a fazer no Estoril. Mas só se conhece Marco Silva como treinador no Estoril. Não quero com isto ser mal interpretado, longe de mim retirar o mérito que o bom futebol do Estoril merece e a culpa disso é, essencialmente, do seu treinador. Mas se Marco Silva em Julho começar a trabalhar no Dragão, tem agora, para além da oportunidade de continuar a fazer história e alcançar dois apuramentos europeus em dois anos de técnico da I Liga, uma outra oportunidade. De ouro. Tem quatro meses para se preparar convenientemente para ser treinador de um grande. E não cometer os mesmos erros de Paulo Fonseca. Mas estes quatro meses também devem servir para a SAD do Porto questionar os eventuais candidatos a treinador sobre as ideias de cada um para o futebol portista.


Até à próxima.

3 comentários:

  1. Completamente de acordo em relação à forma como os treinadores são escolhidos. Deviam escolher-se ideias e não nomes.

    Não concordo é com isto:
    "Jogar “à Benfica” é jogar com dois avançados."

    Jogar à Benfica tem muito mais a ver com a dinâmica da equipa com bola (e sobretudo depois de a perder!) do que com a estrtura estática da equipa.

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  2. Quando é que fazes uma análise ao clube do teu coração? ;)

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  3. Os destaques da semana não são da minha autoria. São da autoria de Pedro Castelo. Do Benfica já falei algumas vezes. Um dia destes, com mais tempo, analiso com mais pormenor.

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