sexta-feira, 7 de março de 2014

Primeira impressão do Porto de Luís Castro


Com a notícia da passagem de Luís Castro para a equipa principal decidi passar os olhos pelos resumos dos jogos da equipa B. O objectivo foi analisar de forma breve e pouco rigorosa a forma de jogar da equipa.
Bem sei que o modelo da equipa B pode não ser semelhante ao da equipa principal (devia ser na minha opinião) porque o contexto das duas equipa é diferente. No entanto há pequenos princípios de organização colectiva que considero fundamentais em todas as equipas (da distrital à liga dos campeões) e que, na minha opinião, diferenciam os bons treinadores dos outros. A dinâmica da linha defensiva é uma delas. Vou falar disso com mais detalhe em breve.


A situação é apenas um dos vários exemplos que encontrei. Não deu golo porque o avançado que aparece sozinho na direita demorou a finalizar e permitiu a mancha do guarda-redes. A primeira imagem que fica não é brilhante. Mas vou voltar ao tema quando tiver mais dados para analisar. E daqui a um mês (tempo que considero suficiente para trabalhar os princípios mais básicos do modelo) volto para validar este primeira abordagem. Quando o Porto já for o do Luís Castro.

11 comentários:

  1. Boas! Vi alguns jogos do Porto B e não fiquei nada impressionado... Mas também não fiz nenhuma análise detalhada. Foi ver por ver...

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  2. Desta vez só vi alguns resumos. Vale o que vale... Mas a primeira impressão é banal... mais do mesmo. Vamos ver o que trás de novo.

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  3. A este nível todos os treinadores sabem de cor os princípios básicos e não vejo que seja esse factor a fazer diferença na hora de garantir os resultados. Por outro lado, discordo da tua leitura desse lance, quanto a mim toda a defesa está bem posicionada (exceptuando o MD que foi ultrapassado). Jorge Pires

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    1. "A este nível todos os treinadores sabem de cor os princípios básicos e não vejo que seja esse factor a fazer diferença na hora de garantir os resultados."

      Não é isso que vejo nas análises que faço. Bem pelo contrário! Vejo muitos treinadores na primeira liga sem ideia de jogo. Cada jogador defende por si, não há ideias colectivas e os princípios básicos não são respeitados. Mas cada um vê o que quer...

      "Por outro lado, discordo da tua leitura desse lance, quanto a mim toda a defesa está bem posicionada (exceptuando o MD que foi ultrapassado)."

      O médio defensivo é o único que não pode fazer mais porque estava fora do lance após o primeiro passe, não foi ultrapassado...
      O primeiro central vem a recuperar terreno e tem os apoios orientados para a baliza, logo está impossibilitado de fazer cobertura à contenção (ou quem deveria ser a contenção).
      O segundo central demora a sair na bola e permite que o portador progrida e faça passe de ruptura que deixa para trás toda a linha.
      O lateral esquerdo está paralelo ao central mais próximo. Não pode fazer cobertura e com um passe ficam os dois fora do lance.

      Se isto é estar bem posicionado...

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    2. FT li a resposta e respeito aceito as tuas opiniões. Vejo que em cada comentário teu terminas sempre com reticências (...) o que dá a entender que ficaste incomodado com o debate de ideias. Apenas pela observação desta imagem não podemos concluir muito mais do que já foi dito. Jorge Pires

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    3. Nada disso! O objectivo do que escrevo é esse mesmo. Só quando comentam o que penso é que posso pensar de outra forma e crescer. Costumo ser expressivo a escrever, por isso use sempre muita pontuação. Não interpretes mal.

      Aliás estava à espera da resposta para perceber porque dizes que estão bem posicionados porque no primeiro comentário dizes apenas que estão bem...

      Faz-me o favor de continuar a ler e sobretudo a comentar!

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    4. Através desta imagem apenas não posso excluir a hipótese do MD ter sido ultrapassado. Entendo que o Defesa Central está bem colocado porque está em contenção e direccionando o atacante para o seu pé mais fraco (parece-me que o jogador com bola seja esquerdino). O DE está bem posicionado, alinhado com os colegas, entre o adversário directo e o DC. Aquele espaço entre o DE e o adversário directo, que aparece em velocidade, certamente foi reduzido em fracções de segundo, mas que parece-me serem suficientes. Podemos considerar também que o adversário directo seja lento, tenha indicação para não se preocupar em demasia com a cobertura dessa zona interior. JP

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    5. Antes de mais deixa-me avançar com uma nota prévia: todas as minha análises estão firmemente agarradas à minha ideia de jogo. Esta ideia é independente do contexto (equipa, campeonato, qualidade individual dos jogadores, etç). É uma ideia minha e que considero ser a melhor forma de jogar. Esta ideia foi crescendo com base no que fui lendo de outros treinadores e que fui vendo nos campos.

      Posto isto, vamos aos teus argumentos.

      "Através desta imagem apenas não posso excluir a hipótese do MD ter sido ultrapassado."

      Excluí o MD da análise porque a jogada começa com um passe de ruptura que deixa o MD fora da jogada. Certamente terá havido erros para isso acontecer, mas está fora desta análise, que se foca na linha defensiva.

      "Entendo que o Defesa Central está bem colocado porque está em contenção e direccionando o atacante para o seu pé mais fraco (parece-me que o jogador com bola seja esquerdino)."

      Estar em contenção naquela situação (a 5m da área) não pode ser a 3m do adversário, sem impedir linhas de passe para as suas costas. O portador é destro. Está a orientar a bola para a direita para depois passar para o espaço e deixar o colega na cara do GR.

      "O DE está bem posicionado, alinhado com os colegas, entre o adversário directo e o DC."

      O DE está alinhado com a contenção. Este é de facto o maior erro de toda a linha! Alinhado com a contenção impede que, se a contenção for ultrapassada, este consiga ajustar a sua posição para passar a ser contenção. A linha que o DE faz com a contenção dá a possibilidade de, com um passe, ultrapasse os 2 jogadores.

      "Aquele espaço entre o DE e o adversário directo, que aparece em velocidade, certamente foi reduzido em fracções de segundo, mas que parece-me serem suficientes."

      Esta parece ser a grande diferença na forma como pensamos o jogo. Tu achas que o que deve preocupar o DE é o "seu adversário directo". Eu acho que o que deve preocupar o DE (e o resto da equipa já agora) é a posição da bola (e do portador) e a posição dos seu colegas! Defender de forma zonal é isso mesmo. E é à luz desse conceito que afirmo os erros posicionais (colectivos!).

      "Podemos considerar também que o adversário directo seja lento, tenha indicação para não se preocupar em demasia com a cobertura dessa zona interior."

      As minhas análises não têm em conta (nem nenhuma pode ter) a vertente estratégica do jogo. E não pode ter porque ninguém, para além da equipa técnica e dos jogadores do Porto, a conhece. Eu analiso a situação do ponto de vista táctico, colectivo. E desse ponto de vista, o DE está mal posicionado, não faz cobertura e permite que um passe destrua toda a linha defensiva. Diga-se de passagem que não é preciso ser rápido para chegar primeiro à bola. O DE está orientado para a bola e o extremo para a baliza. Até eu chegava primeiro à bola nesta situação. A vantagem é demais evidente.

      Deixo o video do resumo onde podes ver como se desenrolou a fase final da jogada (a parte que analiso).
      https://www.youtube.com/watch?v=L4irfC7JJRs

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    6. Boa argumentação, parabéns! Não tenho nenhum modelo de jogo próprio (ao contrário de ti, parece-me) pois a profissão não me exige. Pessoalmente interesso-me muito mais pela componente motivacional, de liderança e gestão de recursos humanos, do que propriamente a componente técnico-táctica do jogo. Cumprimentos JP

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  4. Concordo que os sistemas deviam ser iguais na equipa principal e na B. Eu não vi nenhum jogo, mas ir em primeiro na segunda, um campeonato bastante disputado, com muitos jogos é de realçar. Contudo também tem uma taxa de derrotas um pouco elevado (8) em comparação a outras equipas, nomeadamente o Moreirense (4) e Penafiel (4) que são os candidatos a subir.

    Mas jogar na segunda ou ser treinador do Paços é diferente de ser treinador dos grandes, vamos esperar para ver. Mais uma vez digo, o Porto comparativamente ao ano passado perdeu jogadores de classe top para jogadores banais.

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    1. "(...) mas ir em primeiro na segunda, um campeonato bastante disputado, com muitos jogos é de realçar (...)"

      Quando analiso a capacidade de um treinador não olho para os resultados. Esses são muito influenciados pela qualidade individual dos jogadores. Analiso sim a capacidade colectiva da equipa, porque é neste capítulo que o treinador pode trabalhar.

      "(...) o Porto comparativamente ao ano passado perdeu jogadores de classe top para jogadores banais (...)"

      Perdeu Moutinho e James e ganhou Herrera e Quintero. Para além disso desde Dezembro tem Quaresma que Vitor Pereira não tinha. Perdeu Lucho e Otamendi porque o treinador achou que não precisava. Lucho vinha até a ser menos preponderante nas suas escolhas.

      Tivesse Vitor Pereira este plantel e ninguém falava nisso. Herrera e Quintero não são banais. Desde que esteham incluídos num colectivo forte, como o do ano passado.

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