sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O jogo da Jornada 1 LIGA NOS 2019/20 - Gil Vicente 2-1 FC Porto

Esta jornada escolhemos o jogo do FC Porto como o jogo da jornada porque para além de ter sido a principal surpresa da jornada mostra o que já tínhamos apontado no post sobre o plantel dos dragões para a nova temporada. Depois de ver o jogo com alguma atenção a primeira coisa que salta à vista, e que já vem das épocas anteriores, é a forma como o FC Porto chega ao último terço. A fase de construção e de criação dos dragões são quase sempre inexistentes e o jogo passa maioritariamente dos centrais para o último terço, sobretudo através de lançamentos para os laterais que se projectam em organização ofensiva (sobretudo Alex Telles).
Na primeira parte, todos os lances de perigo foram criados utilizando o cruzamento para chegar à área. É verdade que o Porto tem jogadores com excelentes capacidades neste tipo de jogo, mas se continuar a jogar apenas este jogo (e com as bolas paradas) as organizações defensivas dos adversários têm a vida facilitada uma vez que sabem a partida como é que cada jogada vai terminar e podem preparar-se para isso com mais qualidade.
A segunda parte mudou pouco e o jogo manteve a toada, cruzamentos e corredores laterais, mesmo em circunstâncias onde o contexto apontava para facilidades no jogo interior. Deste facto não pode ser dissociada a falta de qualidade individual que os médios do plantel têm e que já abordei em posts anteriores. Ainda não é possível avaliar Uribe e se este vem ajudar a resolver este problema.
Não podia deixar de sublinhar uma crítica que venho fazendo desde que este chegou ao Porto porque neste jogo foi demasiado evidente. Soares é jogador para equipas de nível bastante inferior ao que o FC Porto nos habituou nas últimas décadas. É tecnicamente limitado, conhece pouco do jogo e apenas a sua capacidade física o pode ter apontado a clubes deste nível. Neste jogo, todos os lances em que participou durante os 58 minutos que esteve em campo foram perdidos por erros individuais do avançado brasileiro. Fica apenas um dos vários exemplos.
Para o fim deixei o primeiro golo do Gil Vicente que vem expor outro dos problemas que o FC Porto vai ter nesta temporada e de que já falei anteriormente.
A qualidade do quarteto defensivo é bastante inferior ao ano passado. Passar de Militão e Felipe para Pepe (aos 36 anos) e Marcano vai notar-se em todos os jogos. Se juntarmos a isso a ausência de Danilo e a falta de um substituto à altura temos a receita ideal para um desastre.

P.S: Após a eliminação escandalosa de ontem no Dragão, a contestação a Sérgio Conceição vai certamente subir de tom. Uma derrota na Luz à terceira jornada pode fazer abanar a estrutura portista e obrigar a mudanças no comando técnico. Talvez JJ regresse a Portugal mais depressa do que se poderia imaginar...

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Como está o novo Sporting CP - Liga NOS 2019-2020


Falta revisitar o Sporting e as mudanças em relação à época mais turbulenta dos leões de Lisboa que ainda assim lhes trouxe dois troféus.

Keiser continua como treinador do Sporting, hoje menos consensual do que na época passada porque a equipa evoluiu pouco na forma de jogar, mas com a benesse de ser a sua primeira pré-epoca.

Sporting CP:

Da equipa mais utilizada na época passada apenas Gudelj saiu porque o empréstimo terminou. De resto saíram apenas emprestados ou jogadores nada utilizados por Keiser. Este facto parece ser importante para a estabilidade do plantel mas já sabemos que os clubes portugueses vivem muito das transferências dos seus jogadores e necessitam disso para sustentar as suas contas.

Na baliza Renan vai continuar como titular e Luis Maximiano como segunda opção. Diogo Sousa deve ser a terceira opção e deve fazer parte da equipa de sub-23. Viviano regressou de empréstimo mas parece que nem chega a treinar com a equipa principal e deve estar na porta de saída novamente.

No quarteto defensivo as novidades são Rosier e Neto. O Francês deve ser a escolha para a lateral direita quando recuperar da lesão, até lá parece que a posta vai para Thierry Correia, apesar de na pré-época Ilori ter jogado mais minutos nessa posição. Há ainda Ristovski para disputar o lugar mas também está lesionado. No centro parece-me que Keiser vai actuar em alguns jogos com 3 centrais mas normalmente jogará com 2, Mathieu e Coates, com Neto como solução. Na esquerda Acuña e Borja disputam um lugar que será mais vezes do Argentino, apesar das dificuldades a defender.

No meio campo Doumbia, Wendel e Bruno Fernandes partem na frente para formar o trio, quando Keiser optar pelo 4x3x3. Há ainda Eduardo que chegou do Belenenses, Miguel Luís e Daniel Bragança (que infelizmente não tem lugar garantido no plantel). Petkovic e Battaglia também fazem parte do plantel mas o primeiro deve ter poucos minutos este ano e o segundo ainda recupera de lesão prolongada pelo que deve estar pronto daqui a alguns meses.

No ataque os corredores laterais parecem ser de Rafinha e Vietto (com grande propensão para zonas interiores) com Diaby, Rafael Camanho (chegou do Liverpool mas tem 19 anos) Jovane Cabral e Gonzalo Plata (após belíssimo mundial sub-20 pelo Equador) à espera de oportunidades. Matheus Pereira não jogou na pré-época e deve estar de saída novamente, sem ter oportunidades para provar o valor que tem (bem maior que o de Diaby ou Jovane Cabral por exemplo).

No centro do ataque Bas Dost deve ser a escolha com Luiz Phellype a espreitar um lugar no onze após final de época bastante competente. Em suma, a equipa é um pouco melhor que o ano passado com Vietto e Neto a trazer alguma qualidade em relação a Diaby e André Pinto, mas ainda assim áquem dos adversários directos na luta pelo título.

A época começou mal com uma derrota por 5 a 0 frente ao Benfica para a Supertaça, vamos ver se a equipa se levanta e consegue começar o campeonato com vitórias, ou é afetada por este deslize.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Como está o novo FC Porto - Liga NOS 2019-2020


É a vez de olharmos para o novo FC Porto de Sérgio Conceição. Muitas saídas, muitas entradas e uma ideia de jogo que parece ser para manter.

FC Porto:As saídas da equipa do Porto foram muitas e sobretudo muito importantes: Casillas, Eder Militão, Felipe, Herrera, Brahimi e mesmo Óliver, para falar apenas das mais influentes no onze inicial. Isto é mais de metade do onze inicial e é obviamente uma revolução em qualquer plantel.

Na baliza para o lugar de Casillas chegou agora Marchesín, Argentino vindo do México e será o dono do lugar. Diogo Costa deve ficar como segundo e Vaná como terceiro, se bem que me parece que se houver possibilidade deste sair deve ficar Mbaye nesse lugar jogando na equipa B.

A chegada de Renzo Saravia será para ser titular como lateral direito, apesar das dificuldades nos primeiros jogos. Aléx Telles mantém a titularidade na esquerda (se não sair até ao final do mês). No centro, Pepe deve manter a titularidade em conjunto com o regressado Marcano. Diogo Leite e Diogo Queirós ficam como opções para o meio (Diogo Leite vai agarrar o lugar mais tarde ou mais cedo) e Manafá e Tomás Esteves ficam como solução para os corredores.

Ainda não é certo o sistema de jogo que Sérgio pretende para esta época, mas o 4-4-2 parece ser o mais provável. Os dois médios têm sido Danilo (indiscutível) e Sérgio Oliveira mas é minha opinião que Sérgio Conceição pretende reforçar a equipa com outro médio de outra valia. Romário Baró e Octávio são as opções mais credíveis para o meio campo e Loum, quando recuperar, deve ser a solução quando não houver Danilo.

Nos corredores laterais, Nakajima deve agarrar o lugar de Brahimi e Corona vai lutar por um lugar com Octávio (que pode jogar como extremo) e Luis Díaz (que pode jogar nos dois corredores). Galeno não parece ter qualquer hipótese de ter minutos no FC Porto e deve estar na porta de saída, o que me espanta bastante pela qualidade que o jovem brasileiro vem demonstrando.

Para a frente de ataque chegou Zé Luís que deve lutar por um lugar com Soares e Marega (se não houver uma proposta) e Aboubakar e Fernando Andrade devem ser transferidos, assim haja interessados. Fábio Silva deve ficar no plantel jogando na equipa B quando for necessário.

Genericamente a equipa do FC Porto parece-me pior do que ano passado, sobretudo nos centrais e no meio campo. No ataque pode estar um pouco melhor com Zé Luís (Soares é mesmo muito débil tecnicamente) mas a diferença é pequena.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Como está o novo SL Benfica - Liga NOS 2019-2020


Agora que nos preparamos para recomeçar a rotina de ver futebol aos fins de semana (e durante a semana com as competições internacionais) é chegada a altura de fazer um pequeno balanço da pré-época e verificar como está cada um dos candidatos ao título.

SL Benfica: 
Dos três grandes é aquele que garantiu uma maior estabilidade do plantel. Perdeu Jonas e João Félix, que foram fundamentais na última conquista e reforçaram o ataque com Raul de Tomás, Carlos Vinícius e Chiquinho (há ainda Cádiz, mas não me parece que possa acrescentar alguma coisa). Saíram Salvio, Krovinovic e Yuri Ribeiro mas entraram Caio Lucas e Nuno Tavares.

Na baliza parece ter havido vontade de reforçar mas pelos vistos os problemas físicos de Perin e a boa pré-época de Odysseias fizeram os encarnados mudar de ideias. O grego vai ser o titular com Svilar e Zlobin entre a equipa A e a B.

Na defesa André Almeida, Ruben Dias, Ferro e Grimaldo parecem garantir o melhor quarteto mas há Jardel na luta e Nuno Tavares, que fez alguns jogos interessantes a deixar boas indicações como segunda opção na esquerda. Continua na minha opinião a faltar qualidade na lateral direita mas não vi um único anúncio de contratação em todo o defeso.

O meio campo deve ficar entregue a Florentino e Gabriel com Samaris, Gédson e Taarabt a darem boas garantias de capacidade de rotação. Penso que Fejsa estará no fim da linha e à espera de uma proposta interessante para sair. Tiago Dantas deve ficar no plantel principal com idas à equipa B para continuar a crescer jogando.

Nos corredores laterais do ataque Pizzi e Rafa partem à frente na luta pela titularidade com Jota e Caio Lucas na segunda linha. Zivkovic e Cervi não devem ter possibilidade de ter muitos minutos e podem procurar outras paragens. Chiquinho e mesmo Taarabt podem fazer qualquer um dos corredores se houver essa necessidade.

A dupla de ataque é uma das principais dúvidas que tenho no onze base. Seferovic foi o melhor marcador da temporada passada e deve começar a época no onze inicial, mas tenho muitas dúvidas que consiga segurar esse lugar por muito tempo. Os minutos que vi com a dupla Tomás-Seferovic deixaram com a ideia de que são pouco compatíveis e trazem alguns problemas na ligação dos médios com o último terço. Vinícius parece-me ter características semelhantes a estes dois e apenas Chiquinho, Jota e Taarabt parecem ser capazes de fazer o lugar de João Félix (ou Jonas). Se o Benfica não foi ao mercado (e parece-me que não tem estado a trabalhar nesse sentido) era Chiquinho que devia começar a época atrás de Raul de Tomás (que me parece bem mais competente que o Suiço em quase tudo), mas o peso no balneário pode fazer Lage optar por começar a época com o Suiço e o Espanhol na frente.

Uma nota especial para a pré-temporada do Marroquino Adel Taarabt. Depois de todas as polémicas desde a sua contratação, a última temporada parecia fazer acreditar que o jogador podia estar numa fase diferente da sua vida. Os primeiros jogos da temporada vieram confirmar esta suspeita. Taarabt foi mesmo o melhor em campo em diversos momentos e mostra uma qualidade e uma versatilidade (jogou como médio interior, extremo e segunda avançado) que pode vir a ser muito útil ao Benfica. Pode ser uma das revelações da época no seu último ano de contrato.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

FC Porto vence UEFA Youth League 2019: a encruzilhada de Pinto da Costa


Já era do conhecimento dos que acompanham de perto o fenómeno futebolístico que a formação do FC Porto está a formar uma série de jovens com uma qualidade tremenda e esta vitória da Champions veio confirmar isso mesmo. Jogadores como o guarda-redes Diogo Costa, os centrais Diogo Queirós e Diogo Leite (titular em seis jogos da equipa principal do FC Porto nesta época), os médios Fábio Vieira e Romário Baró e ainda um dos mais promissores, o avançado Fábio Silva que tem apenas 16 anos quando terminar esta época e é juvenil de segundo ano, são conhecidos do grande público e alguns deles estiveram envolvidos nas últimas grandes conquistas das nossas selecções jovens : Euro U17 em 2016 e Euro U19 em 2018.

Esta qualidade toda faz despertar nos adeptos uma vontade muito grande de os ver actuar ao mais alto nível com as cores do seu clube, algo que não tem sucedido muito na equipa do FC Porto nos últimos anos. André Silva, Rúben Neves e Diogo Dalot (que faz parte da mesma geração) chegaram à equipa principal mas foram sempre vendidos antes de poderem ser indiscutíveis e os adeptos começam a desesperar sobretudo numa altura em que aposta no rival Benfica tem sido forte e com resultados interessantes (João Félix, que saiu do FC Porto para assinar pelo SL Benfica, ainda está atravessado na garganta de muitos adeptos do clube da invicta).

Pinto da Costa, que sabe como ninguém a importância dos adeptos nos momentos mais difíceis, pode estar a pensar em forçar de alguma forma a entrada destes jovens no plantel principal (um pouco à semelhança do que fez Vieira no Benfica) para acalmar a massa associativa, mas pode ter um problema maior se isso acontecer. Sérgio Conceição será o treinador certo para enquadrar estes jovens, habituados a um futebol com base na qualidade técnica e na tomada de decisão, num modelo de jogo que os valorize e retire o melhor que eles podem oferecer? Um treinador que dispensa Gonçalo Paciência para apostar em Marega e Soares, que desce Diogo Leite à equipa B para ir buscar Pepe ou que aposta em Herrera ou Danilo e deixa constantemente de fora Oliver, vai apostar nestes miúdos com capacidade para um jogo de outro nível mas que não tem nos seus atributos físicos a principal arma?

A resposta a estas perguntas é NÃO! É muito provável que Sérgio Conceição queira para a sua equipa jogadores que correspondam ao seu padrão de jogo: velocidade, agressividade física, força nos duelos, etc. Por isso a SAD do FC Porto pode estar numa encruzilhada semelhante à que Luís Filipe Vieira passou no Benfica quando percebeu que Jorge Jesus não estava disposto a abdicar de contratar de jogadores estrangeiros de nível superior para passar a dar tempo de jogo a jovens da formação (toda a gente se lembra de Bernardo Silva). Vamos ver se há coragem para mudar para os lados do Dragão.

sábado, 27 de abril de 2019

UEFA Europa League: Eintracht Frankfurt 2-0 SL Benfica

O Benfica trazia de Lisboa uma vantagem de 2 golos, mas a maioria percebeu que algumas das facilidades do primeiro jogo se deveram ao facto de terem jogado fora e com 10 durante mais de setenta minutos. O jogo na Alemanha seria de exigência máxima e Lage sabia-o como ninguém. Trocou apenas Jardel e Fejsa em relação ao jogo anterior, mas ainda assim foi demasiado. E foi assim porque o sérvio está totalmente fora de forma e já o tinha demonstrado em Alvalade com uma exibição miserável.
Desde os primeiros minutos que se percebeu que a interacção entre Samaris e Fejsa ia ser problemática e que os problemas detectados em Alvalade estavam longe de estar resolvidos.

Lage tem a desculpa de ter entrado na equipa na fase mais carregada de jogos da temporada, o que lhe tem deixado pouco tempo para treino aquisitivo. O mesmo se pode dizer de Fejsa que regressou numa altura com jogos de 3 em 3 dias, sem tempo para adquirir novas ideias tranquilamente e depois transferi-las para o jogo. No primeiro golo alemão, mais do mesmo: Fejsa atraído para a bola sem ajustar ao posicionamento do colega de posição e Samaris ajuda afundando em demasia.

Aqui mostramos um exemplo inequívoco da forma desportiva de Fejsa. Não são apenas os comportamentos colectivos que não estão bem, individualmente o sérvio é uma sombra do que já foi e tem muito para melhorar se quer voltar a ser opção no onze encarnado.

Mesmo nos princípios mais básicos do posicionamento o sérvio comete erros infantis. A cobertura defensiva faz-se entre o portador e a baliza (a zona mais importante do jogo) na diagonal para aumentar a zona coberta e suficientemente próximo para poder dobrar a contenção caso esta seja ultrapassada. No segundo golo Fejsa faz tudo ao contrário em situações onde sempre foi fortíssimo.

A verdade é que apesar do discurso de Lage após o jogo na Alemanha ter sido de união, sem individualizar, dizendo que nunca abandona ninguém (respondendo a uma pergunta sobre a utilização de Jardel e Fejsa), no jogo com o Marítimo o médio sérvio nem foi convocado e não me lembro de ter sido noticiada qualquer indisposição física.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

João Félix e o primeiro brilho na Europa



Na quinta-feira passada assistimos à primeira grande exposição mediática de nível mundial de João Félix. Marcou 3 golos e fez uma assistência e por isso toda a comunicação social deu conta de um miúdo que começa a dar cartas no futebol mundial com apenas 19 anos. Mas Félix é muito mais do que golos, tudo o que faz tem um sentido, vê sempre mais do que os outros e sempre antes dos outros e é por isso que é especial. Tem um potencial tremendo porque é muito jovem, mas tudo o que faz com esta idade é impressionante, mesmo quanto está 4 jogos sem marcar golos, como aconteceu à pouco tempo na liga portuguesa.

A primeira situação que apresentamos é uma das que não aparecem nos resumos do youtube porque não deu golo, mas mostra bem a atenção ao detalhe que Félix dá e mostra que mesmo nas situações onde não é ele que decide tudo é especial.

O jovem português está constantemente à procura de espaço para facilitar a vida dos colegas que têm a bola e consegue receber entrelinhas em diversas situações que acabam por criar oportunidades de golo para ele e para os colegas. No lance do penalty que dá o primeiro golo do Benfica nos quartos-de-final da Liga Europa, João Félix mostra como se resolvem situações de igualdade numérica no último terço com qualidade, com pouco espaço e pouco tempo.

Até quando a bola não lhe chega quando é a melhor opção ou lhe chega em condições deficientes o jovem do Benfica consegue dar seguimento à jogada, combinar com os colegas e finalizar de forma espetacular, como no caso do 2-1, a finalização mais difícil do jogo da Liga Europa.

Uma características que costuma distinguir os jogadores de topo dos outros é a capacidade de estar constantemente a analisar o que se passa em todo o campo para decidir qual a melhor opção em cada instante. O 3-1 é um excelente exemplo disto mesmo. João Félix faz "scans" constantes ao que se passa fora do seu ângulo de visão para perceber, antes dos outros, o que se vai passar e qual a melhor forma de resolver as situações que enfrenta.

É neste tipo de detalhes que os mágicos se distinguem claramente dos restantes praticantes. O timing é outro desses detalhes que só os predestinados conseguem controlar na perfeição e João Félix mostra-nos jogo após jogo que domina esta arte como poucos. Sabe sempre qual é a melhor altura para atacar a contenção, para soltar, para temporizar ou para atacar a baliza. Lê tudo e antes dos outros e por isso escolhe sempre melhor porque tem mais informação. Para isto usa o corpo e a bola como poucos para poder fazer as coisas certas nos momentos exactos.

Vamos aproveitar enquanto podemos, semana após semana, ver este jovem talento nos nossos relvados e esperar que algum tubarão do futebol mundial abra os cordões à bolsa para levar mais um prodígio "made in Portugal" para outros voos e outro nível de exigência para que este miúdo posso atingir todo o potencial que hoje conseguimos avaliar. Infelizmente para nós só assim os jogadores portugueses podem atingir um nível superior.

sábado, 6 de abril de 2019

Breves sobre a vitória do Sporting CP nas meias-finais da Taça de Portugal

Com uma vantagem magra trazida da primeira mão e com o Sporting arredado de todas as outras competições seria de esperar aquilo que aconteceu nos primeiros minutos do jogo. Leões mais agressivos sobre a bola e sobre os adversários e o Benfica mais pragmática mas sem conseguir ter a bola para controlar. Apesar da vantagem nos duelos os de Alvalade não criaram oportunidades de golo na primeira parte e só chegaram à baliza em remates de fora da área. O Benfica sem pressionar como costuma e com muita dificuldade em reter a posse por mais do que 3 passes consecutivos teve duas situações em que conseguiu fazer chegar a bola a zonas interessantes mas uma por desvio de Borja outra por decisões erradas de Rafa e Seferovic (vídeo a seguir) não chegaram à finalização.



Na segunda parte o ritmo manteve-se e o Sporting criou perigo num livre de Bruno Fernandes (quem mais?!) à trave de baliza de Svilar e o Benfica respondeu com uma remate de Jonas dentro da área em zona frontal após passe de Pizzi, que podia ter criado mais perigo. O jogo continuou mais quezilento do que bem jogado com o Sporting a carregar sempre mais mas sempre de forma desorganizada e de forma individual. Aos 74 minutos e após dois erros individuais consecutivos o Sporting fica em vantagem no marcador e na eliminatória.


Depois do golo o Benfica passou a tomar conta da jogo e dois minutos depois podia ter empatado após cabeceamento na pequena área de Seferovic (semelhante ao golo que fez ao Tondela no jogo anterior) mas os nervos tomaram conta da jovem equipa encarnada (tinha em  campo Svilar, Ruben Dias, Gedson e João Félix) que começou a tentar fazer tudo depressa demais e com o mesmo critério que vinha do resto do jogo.

O resultado costuma fazer as pessoas acreditar em coisas que o jogo não mostrou e este é mais um exemplo claro disso mesmo. O Benfica tem condições individuais e colectivas para fazer melhor e isso dá a sensação que o resultado foi justo porque o Sporting conseguiu equilibrar com a agressividade, mas a verdade é que de forma fria é fácil perceber que o resultado mais justo seria o empate (com golos).

segunda-feira, 25 de março de 2019

O que mudou no Benfica com Bruno Lage?

Passaram mais de dois meses da substituição de treinador na Luz - sai Rui Vitória e entra o interino Bruno Lage até então na equipa B. O início bastante promissor de Bruno Lage mostra que a equipa pode jogar mais e começam a surgir em todo o lado as críticas ao antigo treinador. É o normal nos comentadores da nossa praça, o futebol está cheio de profetas do dia seguinte que só conseguem ver o que está a frente dos seus olhos quando a mudança sucede. A aposta em jovens da formação leva os adeptos à euforia e a recuperação dos 7 pontos de vantagem com vitória no Dragão pelo caminho coloca Bruno Lage no auge da popularidade na família Benfiquista.

Nesta altura já nem se houve falar do anterior, como se três anos e meio de bajulação a um treinador medíocre se pudessem esquecer em dois meses. Agora que o campeonato parou e que está tudo com os olhos em Ronaldo e na selecção podemos analisar de forma mais tranquila o que mudou de facto no Benfica e quais os factores críticos de sucesso nesta recuperação quase milagrosa dos encarnados.

A primeira grande alteração do novo treinador foi a mudança para um sistema de jogo que já tinha sido bem sucedido com Jorge Jesus e com Rui Vitória (no primeiro ano e em parte do segundo) - 4x4x2 - deixando para trás o 4x3x3 que Rui Vitória impôs a meio da segunda época no Benfica. O adepto comum é rapidamente tentado a fazer uma associação entre a alteração do sistema de jogo e a melhoria no desempenho colectivo, mas se tivermos alguma atenção é bastante visível que o Benfica continua a jogar em 4x3x3 em muitas fases do jogo, com Félix a cair no corredor direito e Pizzi a fazer de terceiro médio. A segunda tentação em que o adepto comum pode cair é pensar que as escolhas diferentes que Lage vai fazendo podem explicar a forma como a equipa melhorou. O hype de João Félix, o reaparecimento de Samaris, a boa forma de Rafa ou a entrada segura de Ferro no onze são apenas reflexo da tranquilidade que o plantel goza há dois meses. E de onde vem essa tranquilidade? Essa tranquilidade vem da ideia de jogo de Bruno Lage. O treinador Sadino implementou um modelo de jogo que os jogadores foram assimilando desde o primeiro exercício do primeiro treino. Os jogadores estão mais seguros e confiantes porque sabem como é que cada um deve trabalhar para que o colectivo funcione melhor.

O que faz a diferença é ter um treinador que sabe o que quer da equipa, quando e quem deve pressionar em cada momento, quando devem recuar as linhas para defender, que linhas de passe é importante definir em cada posse, etc. Isto e mais uma quantidade infindável de detalhes é o que define um modelo de jogo evoluído. E isso era aquilo que Rui Vitória ou nunca teve ou se teve nunca foi capaz de operacionalizar no treino, que é a única forma de passar essas ideias aos jogadores. Tudo o resto veio porque a equipa sabe o que fazer em cada momento e isso dá confiança aos jogadores para individualmente serem mais fortes e isso faz com que o colectivo melhore. Obviamente que nem tudo tem sido perfeito, bastante longe disso até. Há muito para melhor na apreensão das ideias e muitos jogadores para recuperar a tempo de ajudarem nas três competições que têm para ganhar esta época. O tempo de treino tem sido pouco com quase todas as semanas mais do que um jogo que deixam apenas tempo para recuperar fisicamente a equipa para o jogo seguinte.
Objectivamente as melhoras são palpáveis no ataque e na defesa mas não são assombrosas. O Benfica cria mais e permite menos aos adversários como mostra o gráfico abaixo. Mas vai fazer ainda melhor quando Bruno Lage tiver oportunidade de fazer uma pré-época de qualidade e escolher o seu plantel para atacar todas as competições.

sexta-feira, 1 de março de 2019

O Jogo da Jornada - Tondela 0-3 FC Porto: Golo cedo facilitou a vida aos dragões que justificaram a vantagem

Escolhi este como o jogo da jornada porque seria, à partida, o jogo mais difícil para os 4 da frente. O resultado acabou por ser desnivelado e o FC Porto resolveu o problema com alguma facilidade, sobretudo pelo qualidade individual que o seu plantel apresenta. Os dragões tiveram diversas oportunidades de golo que acabam por justificar o resultado e a diferença no marcador. O Tondela começou bem o jogo e impediu os dragões de criar oportunidades que não fossem com origem em situações de bola parada, mas o golo de Pepe mudou o jogo. Os beirões subiram um pouco as suas linhas e as oportunidades começaram a surgir, sobretudo na segunda parte.
Ainda assim, com o jogo controlado e a ganhar desde cedo, a equipa de Sérgio Conceição permitiu várias situações de cruzamento com igualdade numérica na área que os avançados do Tondela não conseguiram transformar em perigo eminente. A imagem abaixo é um exemplo claro disto que vos digo.
O mapa de passes é claro e mostra quem dominou a posse de bola e não há qualquer surpresa, foi o FC Porto. Ao contrário do que tem sido habitual, foi o corredor direito o mais activo na equipa campeã nacional. Manafá foi um dos mais activos do jogo em combinações com Óliver e Adrián. Estes doi espanhóis foram mesma os principais motores da equipa do Porto nesta deslocação difícil. Isto leva-me a questionar se as escolhas de Sérgio Conceição têm sido as mais felizes quando deixa constantemente de fora os jogadores mais talentosos da equipa para dar lugar a Marega, Soares, Fernando Andrade ou mesmo Otávio. Vamos ver o que acontece daqui para a frente.
O Tondela teve muito menos bola, como seria de esperar e é normal nos jogos contra os adversários mais fortes da liga. Num 4-4-2 bastante evidente no mapa, com Moufi, Ricardo Costa, Ricardo Alves e Joãozinho na defesa, Delgado, Jaquité, Bruno Monteiro e Xavier e Peña e Tomané no ataque. A posse de bola dos beirões foi sobretudo na fase de construção e porque o Porto opta por não pressionar alto para depois aproveitar as transições com espaço nas costas da defesa contrária. No ataque é visível a ligação entre o guarda-redes Cláudio Ramos e Tomané, que é fortíssimo a segurar a bola na frente mesmo contra as melhores defesa da liga e ainda algumas ligações entre Moufi e Peña, no corredor direito.
O gráfico de golos esperados espelha o que se passou no jogo com alguma fiabilidade. O Porto esteve por cima desde o primeiro minuto e a diferença foi-se adensando com o passar do tempo e sobretudo na segunda parte. O Tondela criou menos do que é normal e isso deve-se sobretudo ao controlo da posse que o Porto teve e que não costuma ter, sobretudo pela acção de Óliver que fez um jogo muito bom a que juntou um golo de belo efeito.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Liga NOS - Jogo da Jornada 22 - Sporting CP 3-0 Sp. Braga: Bom jogo do Sporting e fragilidades do Braga totalmente escancaradas

Em teoria seria o jogo mais importante da jornada e a verdade é que se confirmou. Um jogo muito disputado, com nuances táctica muito interessantes, com golos e oportunidades. Um bom espetáculo no geral. O Sporting de Keiser surpreendeu toda a gente ao iniciar o jogo com 3 centrais e 2 alas com objectivo de serram laterais a defender e extremos a atacar. O Braga começou com o 4-4-2 do costume.
 Os primeiros minutos do jogo foram bastante equilibrados e com poucas oportunidades para os dois lados. O Braga nesta fase conseguiu ter alguma bola fruto sobretudo da instabilidade dos jogadores do Sporting que procuravam ainda a melhor forma de construir desde trás. A partir dos 15 minutos a pressão Bracarense desapareceu e os leões começaram a ter espaço para jogar tranquilamente em todas as  zonas do campo e o perigo começou a aproximar-se do último terço da equipa de Braga. Em algumas situações o espaço era tanto que só a falta de integração de mais jogadores no último terço impediu situações de finalização mais simples.
O golo de Bruno Fernandes aparece numa altura em que nenhuma das equipas estava a criar situações de golo eminentes, mas os grandes jogadores são mesmo assim, do nada, resolvem o jogo a favor da sua equipa. Depois do intervalo os problemas defensivos do Braga continuaram e as oportunidades de golo para o Sporting começaram a aparecer com maior frequência. O segundo golo apareceu após desmarcação nas costas da defesa de Diaby que terminou em grande penalidade convertido por Bas Dost. E os erros colectivos do Braga continuaram. Fica mais um exemplo.
O terceiro golo do Sporting nasce de erros individuais seguidos de um erro colectivo. Claudemir não consegue impedir a progressão de Bruno Fernandes e a abordagem de Raul Silva è cobertura a Claudemir é bastante displicente. Para terminar a linha defensiva, que neste caso deveria ser marcada pelo segundo central (Bruno Viana) é completamente deixada ao acaso o que permite a Bas Dost ficar completamente sozinho na cara de Tiago Sá e fazer o segundo da conta pessoal.
Para o fim deixei um pequeno apontamento à organização defensiva do Sporting que continua com problemas que nem os 3 centrais resolveram. Neste jogo o Braga quase não pôs à prova a linha defensiva do Sporting, mas ainda assim é fácil perceber que ainda há muito caminho para melhorar. Ilori chegou há pouco e tem essa desculpa, mas neste lance, ao não alinhar por Coates permitiu metros nas costas da defesa leonina e podia, fosse Paulinho mais agressivo no lance, ter criado uma oportunidade flagrante.
O Sporting teve mais bola e as combinações foram por isso mais abundantes. As ligações entre Ristovsky, Bruno Fernandes e Wendel foram as mais repetidas. Wendel mais atrás parece-me uma excelente solução para Keiser. Trás critério e qualidade na construção desde a sua fase inicial. Borja e Acuña também combinaram bastante mas com menos capacidade para aproximar a equipa do último terço.
O Braga teve muito menos bola do que é normal para os arsenalistas e o corredor direito foi mesmo uma nulidade no capítulo ofensivo. Bruno Viana e Goiano foi a ligação feita mais vezes, o que diz alguma coisa sobre a dificuldade da equipa de Abel construir pelo corredor central. Raul Silva, Claudemir e Fransérgio também combinaram bastante mas a ligação destes para os 4 da frente foi sempre feita com muita dificuldade. Destaco ainda os 5 passes conseguidos de Tiago Sá para Dyego Sousa que podem dar uma ideia das dificuldades que o Braga teve para sair a jogar como gosta de fazer.
 Em termos de oportunidades de golo o jogo basta espreitar o gráfico de golos esperados para perceber que o resultado é justo e pela margem certa. Salta à vista a nulidade que foi o Braga em termos ofensivos - 5 oportunidades, todas com baixíssima qualidade. Algo que deve preocupar Abel uma vez que o Sporting de Keiser não tem sido famoso em termos de organização defensiva.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Champions League 18-19 - AS Roma 2-1 FC Porto: Rosca de Soares mantém eliminatória em aberto

O sorteio agradou às duas equipas e isso normalmente significa que os jogos vão ser equilibrados e se vão definir pelo pormenor. Em cada a Roma apostava tudo numa vitória com algum conforto enquanto os dragões tentavam levar a decisão para o Dragão.
 O FC Porto teve mais posse mesmo jogando fora e isso costuma dar maus resultados porque a forma de jogar desta equipa é baseada sobretudo nas transições rápidas e nos duelos físicos. Com bola o Porto nunca foi desequilibrador e apenas em algumas bolas directas conseguiu ganhar a segunda bola e aproximar-se da baliza. Não tem acontecido sempre na Liga dos Campeões, mas a verdade é que Sérgio Conceição iniciou o jogo em 4-4-2 com Soares e Fernando na frente com Otávio, Herrera, Danilo e Brahimi como médios. O corredor de Alex Telles foi mais chamado mas foi sobretudo em zonas recuadas que o Porto controlou a posse, com muitas combinações entre Pepe, Felipe, Danilo e Herrera quase sempre no seu próprio meio campo defensivo.
 Menos bola para os italianos mas mais perigo criado em cada posse. Quase sempre recorrendo aos laterais e aos extremos com combinações por fora. Fazio, Kolarov e El Sharawy foram os mais em destaque com Florenzi e Zaniolo em bom plano. Faltou alguma ligação com o corredor central quer na fase de construção com De Rossi quer na fase de criação com Pelegrini.
Jogo sem oportunidades até aos 30 minutos de jogo em que as equipas aproveitaram para perceber o que podia dar este jogo. Depois disso a Roma foi sempre mais perigosa, fez os dois golos que são merecidos tendo em conta o que criaram e foi a "rosca" de Soares que criou a melhor oportunidade dos dragões que aproveitaram para empurrar a decisão para a segunda mão. Se retirarmos da análise o lance fortuito do golo o Porto criou menos de 0.4 xG o que é bastante preocupante se pensarmos que foi contra uma equipa de nível médio na Europa e que atravessa uma fase bastante difícil.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - SL Benfica 10-0 Nacional: Goleada histórica onde se juntou a eficácia à falta de organização defensiva

Jogo sem história na luz com uma equipa de rastos a tentar jogar subida contra uma equipa moralizada e num momento fortíssimo, ainda por cima fora de casa. Resultado? Uma goleada histórica que vai ser relembrada por algumas décadas.
Bola controlada pelo Benfica que foi sempre capaz de estar equilibrado e recuperar a bola imediatamente depois de a perder. A influência de Pizzi começa a notar-se mesmo no corredor lateral. O Benfica tem sido desde o início mais desequilibrador no corredor esquerdo sobretudo com a qualidade de Grimaldo, mas neste momento há bastante equilíbrio entre os dois corredores laterais e sobretudo porque Pizzi consegue no mesmo jogo ser extremo e ser o terceiro médio, sendo cada vez mais fundamental na equipa. Gabriel esteve menos em destaque desta vez porque ofensivamente ainda está um pouco limitado e neste jogo a pressão foi pouco necessária, tal era a falta de organização do nacional nas transições. Seferovic continua a fazer golos como nunca fez na vida, mas continua também a somar erros atrás de erros, seja na finalização seja na tomada de decisão quando tem a bola. Espero que o regresso de Jonas a 100% sejam para breve pois toda a gente quer ver Jonas e Félix a combinarem com uma qualidade que há muito não se vê em Portugal.
O nacional teve pouca bola e a que teve serviu sobretudo para perder em zonas proibidas e permitir ao Benfica mais duas ou três oportunidades flagrantes de golo. Foi tudo mau a partir dos 20 minutos e na segunda parte deixou mesmo de haver equipa nessa metade do campo.
O mapa é o que já se esperava, uma quantidade enorme de situações de finalização flagrantes e uma produção quase nula dos madeirenses. Nada mais a acrescentar, o gráfico fala por si...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - Moreirense 0-0 FC Porto: Novo empate fora de casa e desta vez não foi o azar...


Nova deslocação dos campeões nacionais e mais um jogo bastante difícil para os da invicta. O Moreirense é neste momento uma das equipas mais interessantes da nossa liga porque apesar de algum défice de qualidade individual consegue disputar todos os jogos com uma ideia positiva, com vontade de ter a bola e saber sempre o que fazer com ela. E quando não a tem defende com qualidade e muito organizada colectivamente.
Porto com mais posse como seria de esperar mas sobretudo em zonas pouco valiosas e sempre porque os de Moreira permitiam. Lado direito mais chamado, coisa que é bastante incomum na equipa de Sérgio Conceição. Militão, Corona e Óliver estiveram em destaque mas quase sempre por fora do bloco defensivo do Moreirense. O FC Porto apresentou-se em Moreira com algum respeito pela equipa de Ivo Vieira e actuou com três médios e apenas Soares na frente. Faltou sempre bola no último terço do Porto que por isso criou sempre com grande dificuldade.
A equipa de Ivo Vieira teve menos bola mas teve-a muitas vezes em zonas perigosas, veja-se a posição média de Chiquinho, o jogador mais interessante do meio campo do Moreirense. Ivo Vieira iniciou num 4x3x3 com Fábio Pacheco (bom jogo), Neto e Chiquinho no meio campo a servir Arsénio, Hildeberto e Teixeira na frente. Sem grande diferença, o corredor direito foi um pouco mais importante com Iago, João Aurélio e Arsénio em destaque.
Para o fim fica o gráfico que representa melhor a dificuldade do porto nesta jornada. Nas oportunidades criadas e o seu valor houve equilíbrio do início ao fim do jogo. O Moreirense depois do golo e até ao golo do empate esteve mesmo por cima no que diz respeito aos golos esperados. O Porto tem mesmo que melhorar a capacidade de criar oportunidades, caso contrário tem a liderança em risco. O campeonato está lançado a três com Benfica a 1 ponto e o Braga a 2 para a recta final da liga.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - V. Guimarães 0-0 FC Porto: Finalização dos dragões muito aquém do normal anima o campeonato

Em semana de derby lisboeta os dragões tinham uma deslocação sempre difícil ao berço da nação. Depois de perder em casa na primeira volta era fundamental ao FC Porto aproveitar a semana em que dois rivais directos se defrontam para reforçar a posição na frente, mas algum azar e um Douglas de ouro impediram a vitória portista e deram algum ânimo aos perseguidores.
 A posse foi dominada pelo FC Porto que esteve sempre mais subido no terreno aproveitando o espaço cedido estrategicamente pela equipa de Luís Castro. O corredor esquerdo com Pepe, Telles, Brahimi e Oliver foi o mais importante para os dragões mas sempre com muita dificuldade em chegar em boas condições a Maega e Soares. Pouca profundidade de Militão bastante visível neste mapa sobretudo se compararmos com a posição média de Alex Telles. Faz falta ao porto um lateral direito mais ofensivo e se Maxi já não consegue dar isso tudo à equipa é fundamental voltar a tentar Corona, caso contrário o Porto perde o melhor central da equipa e ganha uma lateral pobre.
O vitória entregou a bola ao adversário e baixou as linhas para depois tentar magoar os dragões em contra ataque, mas na verdade conseguia apenas muito esporadicamente e só a sorte e uma bela exibição de Douglas impediram que o resultado fosse positivo. O corredor esquerdo sobressaíu ligeiramente, com destaque para Rafa Soares, Davidson e Pepe.

O mapa de golos esperados não deixa margem para dúvidas, o FC Porto massacrou o vitória em termos ofensivos e fez mais do que o suficiente para ganhar o jogo confortavelmente. O vitória criou muito pouco para quem jogava em casa e tinha ambição de fazer golos. O FC Porto dispôs de três oportunidades flagrantes de golo (que a opta classifica como "big chances") e não concretizou nenhuma o que é manifestamente azarado. ainda assim Sérgio Conceição não precisa de estar muito preocupado uma vez que a sua equipa continua a produzir bem em termos ofensivos e não permitir muitas oportunidade de valor acrescentado aos adversários.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - Sporting CP 2-4 SL Benfica: Domínio benfiquista desde o início do jogo. Keiser está num labirinto...

Derby muito aguardado e decisivo sobretudo para quem não o ganhasse. Dois treinadores novos em ambas as equipas e algumas caras novas na convocatória dos leões eram alguns aliciantes adicionais para temperar um jogo historicamente encantador. A vitória sorriu ao Benfica que com mais facilidade do que seria de esperar dominou o jogo desde os minutos iniciais e que podia, a determinada altura, transformar-se hum resultado histórico de goleada em Alvalade.
A equipa de Bruno Lage aparece um pouco mais recuada que o Sporting o que se compreende uma vez que esteve por cima no resultado durante 80 minutos. A distribuição dos jogadores foi a do costume com Samaris e Seferovic no lugar dos lesionados Fejsa e Jonas. O grego está sem ritmo competitivo e foi um dos mais desinspirados da equipa, com muitos passes falhados e algumas perdas importantes como no golo de Bruno Fernandes. Penso até que nesta fase seria mais proveitoso para a equipa juntar a Gabriel o jovem Gedson que com algum treino numa posição mais recuada podia fazer o lugar com mais qualidade ofensiva do que o grego e mesmo do que Fejsa. O corredor de Jardel, Grimaldo e Gabriel foi como sempre o mais perigoso e apenas Pizzi, no corredor contrário, conseguiu ter a bola nas mesmas condições. Rafa esteve um pouco apagado e teve pouca bola neste jogo.
 O Sporting iniciou o jogo no 4x3x3 que tem caracterizado o modelo de Keiser desde que chegou a Alvalade. Apesar de todas as dificuldades, o Sporting teve mais bola que o Benfica, só que junca foi capaz de fazer algo interessante com ela limitando-se a fazê-la percorrer as zonas exteriores do bloco defensivo do Benfica. André Pinto jogou no lugar de Mathieu e isso dortou a capacidade dos leões desbloquearem a primeira fase de construção. Nani esteve bastante abaixo do que pode fazer e acabou lesionado. Foi Bruno Fernandes o único com alguma capacidade para fazer a diferença, mas é curto para um candidato ao título.

O gráfico de golos esperados é bastante claro. A diferença entre o que as duas equipas criaram no jogo foi abismal e isso traduziu-se numa vitória confortável. Se analisarmos com mais detalhe, o Sporting só conseguiu criar algo quando o Benfica já ganhava por 4-1 e se retirarmos o lance do penalty, que nasce de um erro individual de Vlachodimos, o Sporting criou mesmo pouco. Se pensarmos que os leões permitiram oportunidades suficientes para os 4 golos que sofreram é fácil perceber que Keiser tem um problema grave para resolver, sobretudo jogando no seu reduto.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - V. Setubal 1-1 Sporting CP: Jogo pobre dos leões mas a ponta final merecia mais um golo.

 Novo jogo fora do Sporting e novo desaire. Desde o primeiro jogo de Keiser que aqui afirmei que aquelas vitórias eram mais baseadas na sorte e na moral alta de quem trocou de treinador há pouco tempo. Agora a estatística está a ganhar e a acertar as contas, num jogo em que a eficácia foi abaixo do normal.
 Posse de bola controlada pelo Sporting mas muito mais por fora do bloco adversário do que noutras ocasiões. Os leões jogaram no seu 4x3x3 habitual com Doumbia, Wendel e Bruno Fernandes no meio campo e Raphinha, Diaby e Bas Dost no ataque. Sem Mathieu, o Sporting é muito mais fraco ofensivamente, também o tenho dito desde a primeira jornada e os resultados têm dado razão à minha ideia.
 O Setúbal teve pouca bola mas foi sempre essa a sua ideia, dar a bola e explorar as transições. O passe mais vezes efectuado foi do guarda-redes para um dos avançados. De resto o corredor esquerdo foi um pouco mais utilizado do que os restantes.
Apesar da exibição apagada e sem a qualidade ofensiva que Keiser parece tentar, o Sporting esteve sempre mais perto foi golo. A falta de sorte e algumas dificuldades na finalização impediram que o Sporting ganhasse este jogo. No entanto,  aconteceu o que aqui vaticinei, quando faltou aquela sorte os resultados desapareceram. É sempre assim quando os resultados são superiores àquilo que a ideia da equipa apresenta em campo. Vamos ver se a agitação no mercado de inverno traz melhorias nos leões que defrontam duas vezes os eternos rivais já de seguida. 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Liga NOS 2018-2019 - SL Benfica 5-1 Boavista: Domínio encarnado mas alguns erros individuais que podiam ter custado caro...

Segunda jornada da segunda volta e nova vitória tranquila do Benfica de Bruno Lage. Apesar de ter estado sempre por cima no jogo, alguns erros de Samaris (no primeiro minuto por exemplo) podiam ter alterado o rumo da partida. Continuo a achar que Gedson podia fazer o lugar do Grego sobretudo quando Fejsa está a fora.
Onze inicial sem surpresas com Samaris no lugar do lesionado Fejsa e Rafa e Pizzi nos corredores. Na frente, Seferovic continua a ganhar à concorrência e começa no lugar que deveria ser de Jonas. O corredor de Jardel, Grimaldo, Gabriel e Rafa foi uma vez mais o mais importante da manobra ofensiva num jogo em que a posse foi sempre dominada pelos encarnados. Pizzi foi também importante e ocupa uma posição média mais central que indicam a importância do português no equilíbrio do meio campo e no jogo interior do Benfica. João Félix foi uma vez mais decisivo e começa a ser um caso sério o craque de Viseu.
O Boavista chegou à luz na semana em que despediu Jorge Simão e trazia como objectivo principal não sofrer golos defendendo com muitos e em bloco baixo, coo se pode ver no mapa de passes. Pouca bola desde o primeiro minuto e por isso vemos uma mapa despido de padrões de passe. Destaque para Perdigão que desde o corredor direito foi dos mais irreverentes na procura da baliza encarnada. Os do Bessa actuaram num 4-4-2 com Rafael Lopes e Mateus Índio na frente. Mateus aparece numa posição central porque actuou em ambos os corredores laterais.

O gráfico de golos esperamos mostra o que já fomos dizendo: Benfica sempre por cima mas que acaba por beneficiar de alguma sorte uma vez que não fez o suficiente para marcar 5 e o segundo golo, em condições normais teria entrado. Falta ao Benfica alguma capacidade para controlar a posse quando o adversário vai atrás do resultado e isso continua a facilitar algumas oportunidades de golo. Falta também tempo para Lage treinar de forma a que possamos definitivamente perceber o que quer o jovem treinador para a sua equipa.