sexta-feira, 12 de outubro de 2018

SL Benfica - FC Porto 2018-2019: O clássico mais fraco dos últimos 10 anos

O Benfica ganhou e a vitória acaba por ter algum mérito porque no meio de tanta mediocridade foi a única equipa que lutou pelos três pontos. Não jogou bem (há muito tempo que não joga) mas lutou, pressionou e quis sempre ter a bola. O FC Porto foi uma sombra da equipa que ganhou o último campeonato. Sem a frescura física que necessita para potenciar o seu jogo baseado em contacto físico e em velocidade na frente, a equipa de Sérgio Conceição é banal.
O que vou apresentar chama-se normalmente rede de passes (passing network) e mostra o posicionamento médio dos jogadores e as interacções entre si usando o passe. O posicionamento dos jogadores é a posição média de cada um em todos os eventos que os jogadores participaram (passe, remate, desarme, intercepção, perda de bola, etc.). Não é a posição média dos jogadores nos 90 minutos (com e sem bola) é a média das posições quando cada jogador interage com a bola. As setas são os passes efectuados por cada jogador com a indicação do jogador destino. Só mostro linhas com mais de 3 passes porque facilita a compreensão e realça os padrões que são seguidos mais vezes. A grossura da linha representa o número de vezes que essa ligação ocorreu (o número que está em cada linha quantifica esse valor).

SL Benfica:

A primeira coisa que salta à vista é a falta de linhas no corredor central. Dos centrais para os médios há poucas linhas (sobretudo para Gabriel e Fejsa) e destes para o trio atacante são praticamente inexistentes. Isto deve-se ao modelo de jogo de Rui Vitória, que privilegia as combinações nos corredores laterais e raramente opta por desorganizar o adversário em combinações pelo corredor central. É por isso que Sálvio é tão importante para Rui Vitória, porque é forte no um para um no corredor, apesar de ser bastante limitado em espaços curtos e com muitos jogadores.
É evidente também a preferência pelo corredor esquerdo. Isto deve-se na minha opinião à presença de Grimaldo que com bola é fortíssimo no corredor lateral. O facto de Pizzi ter jogado desta vez descaído na esquerda (e Gabriel na direita) também ajuda a explicar esta assimetria.
O corredor direito do Benfica serviu apenas para defender e Sálvio esteve completamente desligado do jogo ofensivo, participando em algumas situações defensivas (quando Maxi e Brahimi combinavam) na ajuda a André Almeida.
Para o ataque, foi sempre Pizzi (ou André Almeida por 4 vezes) que solicitou Seferovic. No único golo do jogo foi isso mesmo que aconteceu com uma assistência de cabeça brilhante do médio português.

FC Porto:
Se no Benfica o desenho é assimétrico, no FC Porto o desenho é quase inexistente. Foi dos jogos mais fracos que vi fazer ao Porto nos últimos anos e já expliquei em parte porque é que acho que isso aconteceu. A equipa de Conceição tem que estar bem fisicamente para jogar o jogo de contactos permanentes, de luta, do físico que o treinador imprime nas suas equipas. Sem isso, fica sem nada...
Salta à vista uma alteração táctica que ficou bastante à mostra durante o jogo que foi o facto de ser Octávio a baixar para receber no corredor central e Herrera a ficar mais próxima de Soares. Esta alteração tinha dois objectivos, abusar no passe longo de Octávio para Marega e Soares e usar a pressão de Herrera mais à frente uma vez que o Mexicano, quando está bem fisicamente, consegue pressionar alto e recuperar metros caso seja ultrapassado na primeira fase de construção do adversário. O resultado foi o que já vimos: zero posse, zero controlo, muito choque mas o Benfica a ganhar quase sempre as segundas bolas.
Apesar de tudo, Casillas sempre tentou sair a jogar pelo chão (por ambos os centrais) e não se vê grande tendência no jogo directo na frente. Nem tudo foi péssimo...

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