sábado, 18 de janeiro de 2014

Estoril - Sporting: primeira parte


Jogo entre 1º e 4º classificados. Ingredientes suficientemente aliciantes para olhar para este jogo de outra forma. Acrescentando a este facto a contínua pressão que continuo a sentir para fazerem de Marco Silva um treinador excelente e com capacidade para treinar um grande - e o Benfica especialmente. Estou por isso mesmo mais atento à organização colectiva do Estoril.

Na primeira parte o jogo foi extremamente equilibrado e disputado quase na sua totalidade no meio campo. Muitas disputas de bola, pouca organização nos ataques de ambas as equipas e muita agressividade de ambos os lados.

Retenho dois momentos que podiam ter decidido o jogo ao intervalo. O Estoril trabalha mal as transições defensivas e controla mal o corredor central sempre que perde a bola. A predilecção por organizar o seu ataque pelos corredores causa-lhe inclusivamente problemas no momento da transição defensiva uma vez que o corredor central está sempre muito mal protegido.


Em várias situações em que o Estoril decide baixar o bloco (e bem porque a bola está descoberta) nunca se preocupa em retirar um jogador do bloco para fazer contenção e assim evitar que o adversário explore a profundidade. Esta é mais uma situação em que isso acontece. E mais uma vez o corredor central à frente da linha está despovoado quando a equipa entra em organização defensiva.


Ofensivamente o Estoril foi inexistente e os únicos lances de perigo na primeira parte foram em lances de bola parada. Um livre de Tiago Gomes e alguns cantos ganhos de forma fortuita. Pouco para um quarto classificado...

12 comentários:

  1. Não sou o maior fã do Marco Silva... Acho que a equipa joga bem quando tem hipótese de sair em transição, mas em organização sempre achei que tinham dificuldades. E há uma coisa que defensivamente dou muito valor que é a ocupação do espaço central à frente da defesa e fico sempre com a impressão de que falham muitas vezes...

    Tenta ver o Rio Ave. Pelo menos defensivamente parece ser das equipas com melhor organização, mas nunca tive tempo para fazer uma análise mais rigorosa.

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  2. Ofensivamente consigo desculpá-los de quase tudo porque é muito mais difícil treinar organização ofensiva do que defensiva. Agora defensivamente não dá garantias nenhumas...

    Quando tiver tempo vou ver o Rio Ave!

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  3. Luís,

    Que dificuldades? Extremos abertos para receber com espaço e fazer movimentos interiores. Extremos sem qualidade para jogar sem tempo e espaço para jogar fazem que o treinador opte por isso. Claro que poderiam haver mais apoios frontais, mas o Estoril não tem qualidade individual para isso. O único que joga bem entre linhas, é o único que lá está, o Evandro. Jogam a maior parte do tempo em organização, com mais bola, e conseguem criar ocasiões de golo em quase todos os jogos.

    Abraço

    Quanto à organização defensiva, não me parece que falhem assim tanto. Falham sim na qualidade individual.
    No primeiro lance aqui exposto discordo completamente do posicionamento inicial do médio. Isto porque o Estoril joga com um DP que faz com que um suba mais do lado da bola, e outro garanta o corredor central. Não a zona da bola, mas o corredor central, que era o que estava a fazer o médio que ficou. Com o lance cortado desta forma, não dá para perceber onde está o outro médio de cobertura do Estoril, e o que tinha ido fazer à frente da linha da bola. A segunda situação da qual discordo é a saída de um elemento da linha defensiva, quando aquilo era uma situação de 4x4, ou seja igualdade numérica. Assim, concordo com o comportamento do Estoril, de aguentar os 4, para os 3 avançados do Sporting, fazendo o portador da bola entrar em crise de decisão. Depois com a maior proximidade da área, aí sim deve sair um homem, sobretudo para impedir o remate. É esse o único momento em que descortino um erro, pois não saiu um homem na bola, mas saíram dois. Dupla contenção, sem cobertura, um passe, dois jogadores ultrapassados.

    No segundo lance, quando o Sporting bate a bola, há um jogador do Estoril que recupera a bola com os olhos, e recupera a posição a andar. Era exactamente esse que devia estar a ocupar o corredor central. Depois, concordo sim que deveria ter saído um homem na bola, mas toda a linha opta pelo controlo da profundidade, que mostra ser um comportamento trabalhado com a bola descoberta. Falhou a saída de um homem por se encontrar em superioridade. Mas há aqui um factor extremamente importante: Estratégia. O Sporting ataca muito com sobreposições e combinações nos corredores laterais, e com os extremos e o Evandro a pressionar a linha defensiva, um dos médios era obrigado a bascular completamente para o corredor, em situações de ataque rápido, o outro ficava um pouco perdido, como se vê neste lance. O Sporting joga pelos corredores e isso levou a que Marco Silva fizesse essa alteração.

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  4. "No primeiro lance aqui exposto discordo completamente do posicionamento inicial do médio. Isto porque o Estoril joga com um DP que faz com que um suba mais do lado da bola, e outro garanta o corredor central. Não a zona da bola, mas o corredor central, que era o que estava a fazer o médio que ficou. Com o lance cortado desta forma, não dá para perceber onde está o outro médio de cobertura do Estoril, e o que tinha ido fazer à frente da linha da bola."

    A questão não é aquele médio mas sim a ausência (constante) de linhas de passe interiores. Não é obrigatório que fosse aquele médio a aproximar. Coloquei aquele porque parece ser o mais próximo naquele instante. A verdade é que pouco depois ele se aproxima...quando a equipa perde a posse.

    "A segunda situação da qual discordo é a saída de um elemento da linha defensiva, quando aquilo era uma situação de 4x4, ou seja igualdade numérica. Assim, concordo com o comportamento do Estoril, de aguentar os 4, para os 3 avançados do Sporting, fazendo o portador da bola entrar em crise de decisão."

    Sem contenção onde é que está a crise de decisão? Foi só esperar por um movimento de um dos 3, com todo o espaço e tempo do mundo...Ainda por cima a linha está de tal forma descoordenada que os 2 mais próximos da bola estão orientados para o portador e os outros 2 estão orientados para a sua baliza...
    Bastava arriscar uma saída de um central na bola, com ajuste dos outros 3 e passados 2 segundos estava criada uma situação de 6x4.
    Mas tudo bem, o argumento da igualdade numérica é válido. Eu preferia que o meu central tivesse saído.

    "não saiu um homem na bola, mas saíram dois. Dupla contenção, sem cobertura, um passe, dois jogadores ultrapassados."

    Completamente de acordo.

    "No segundo lance, quando o Sporting bate a bola, há um jogador do Estoril que recupera a bola com os olhos, e recupera a posição a andar. Era exactamente esse que devia estar a ocupar o corredor central."

    Tu dizes que é um erro individual. Pode ser, mas acontece várias vezes e com intervenientes diferentes... Fico desconfiado.

    Em relação à estratégia, este é o terceiro jogo que analiso do Estoril. Os adversários foram Académica, Braga e Sporting. Os erros colectivos repetem-se nos três jogos. Não me parece argumento...

    Cumprimentos,
    Telmo Frias

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  5. Deixa-me só dizer que crise decisão é isso mesmo, fechar as linhas de passe sem contenção. A contenção precipita a decisão, que são coisas diferentes.
    Eu também prefiro que o meu central saia, estou só a desfazer o argumento d que está pouco e mal trabalhada. Está trabalhada sim, com ideias diferentes.

    Pois mas se ele aproxima quem garante o corredor central na transição defensiva? Isto tendo em conta o número d jogadores à frente da linha da bola.

    Tens mesmo outros lances onde o DP se desposiciona nessas análises?

    Há uma no posse de bola que mostra o oposto.
    Talvez o problema não seja quando a equipa está em organização, mas sim quando está em transição, será?

    Esqueci de assinar,

    Roberto Baggio

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    1. "Pois mas se ele aproxima quem garante o corredor central na transição defensiva? Isto tendo em conta o número d jogadores à frente da linha da bola."

      O problema é mesmo este. O duplo pivot garante o corredor central e um homem mais próximo da bola. Este raramente dá linhas de passe interiores (nem falo em apoios frontais) e quando dá a bola continua no corredor...

      "Talvez o problema não seja quando a equipa está em organização, mas sim quando está em transição, será?"

      Num jogo como este (e em 90% dos jogos em PT), esta distinção é muito difícil e subjectiva. Só o FC Porto e o Benfica (e ambos com muita dificuldade) jogam tempo suficiente em organização ofensiva para fazer sentido distinguir... No entanto posso dar-te razão sem problema. É quase sempre em transição.

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  6. Ps não há paciência para o captcha, essas confirmações dos bots.

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    1. É uma treta... mas acho que não dá para evitar. Dá?

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  7. Sim, nas definições do blogue, comentários, dá para tirar. Onde escolhes moderar ou não os comentários tens a opção da confirmação de palavras.

    Quanto aos apoios interiores já tinha dito que não existem. só em cobertura. Entre linhas joga apenas o Evandro, que também me parece ser o único com competência para jogar lá. Daí eu dizer que o maior problema deverá ser de transição, quando a equipa perde a bola é pouco pressionante e procura apenas recuperar posições. Até que ponto isso não se deve a qualidade individual, ou seja falta de jogadores para jogar entre linhas com qualidade e por isso prefere o extremo a receber aberto e a vir dentro?
    Não quero ter razão, atenção, estou só a discutir, coisa que não faço no meu blogue porque não colocam argumentos para isso.

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  8. Boa, já alterei. Obrigado!

    Nos apoios frontais ainda consigo assimilar o argumento da falta de qualidade individual. Já não consigo fazer o mesmo em relação à ausência de pressão e à descoordenação colectiva em alguns lances.

    E mesmo quando dizes que preferem o extremo para movimentos interiores, acho que acontece poucas vezes, infelizmente.

    "Não quero ter razão, atenção, estou só a discutir, coisa que não faço no meu blogue porque não colocam argumentos para isso."

    Estes são os únicos objectivos do que escrevo: pensar o que vejo e pensar no que vocês me vão apontando! Faz-me o favor de continuar a passar por cá e discutir comigo. Seja pelo que for!
    Em relação ao Posse de Bola, revejo-me em bastante do que escrevem, mas leio os comentários e perco vontade de comentar... pode ser que calhe!

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  9. Baggio, desculpa lá, mas não te respondo hoje porque tinha que pensar e não estou com muita capacidade para isso... Depois volto ao assunto.

    Telmo, eu conheço esse conceito de crise de decisão associado a situações extra-futebol, como paradoxo de escolha.
    https://www.youtube.com/watch?v=VO6XEQIsCoM
    Principalmente a partir do minuto 8:00
    Basicamente, quando tens muitas hipóteses, "paralisas" e não consegues escolher. Acontece em bancos quando tens dinheiro de parte e queres investir, acontece em seguros que têm muitas opções, acontece quando procuras uma peça de roupa, mas não compras porque não é a "ideal",...

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    1. Quando tiver 20 minutinhos vou ver isso com atenção. ;)

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