quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O FC Porto de Paulo Fonseca - parte I


Depois de 4 empates nos último 5 jogos (e isto no Benfica era mais do que uma crise!) e de ter sofridos golos em 6 dos últimos 7 jogos, achei que era altura de ver com alguma atenção como se comporta a equipa orientada por Paulo Fonseca.

Escolhi para o efeito o último jogo para o campeonato - empate a 1 com o Nacional. FC Porto favorito, em primeiro lugar e a jogar em casa, recebia o Nacional no sexto lugar com 15 pontos, menos 9 que o seu adversário.

Primeira parte com o FC Porto sempre com a posse da bola (consentida pelo adversário) mas maioritariamente nos dois terços do campo mais próximos da própria baliza. A equipa demonstra uma predilecção óbvia pela utilização dos corredores laterais para finalizar as jogadas com cruzamentos sucessivos com baixíssimas taxas de sucesso. A este facto não é alheia a propensão ofensiva dos seus laterais.


Os dois médios mais defensivos do FC Porto são pobres em criatividade e deixam todas as despesas ofensivas com Josué e o seu jogo interior (a espaços) mas sobretudo com Lucho. É um jogador à parte dentro desta equipa. Pensa e define de forma diferente dos seus colegas e isso nota-se até na sua linguagem corporal... Lucho é enorme, mas nem sempre os colegas conseguem acompanhar o seu brilhantismo.


Defensivamente e apesar de na primeira do jogo o Nacional não ter conseguido definir com critérios as saídas para ataque que são a base do seu jogo, o FC Porto em uma ou outra situação demonstrou fragilidades. A reacção à perda nem sempre foi convicta e colectivamente organizada, parecendo que a resposta é sempre dada de forma individual por quem estiver na zona da bola. As referência individuais também aparecem aqui e ali mostrando que o modelo de Paulo Fonseca não dá grande importância à forma como a equipa organiza a sua zona pressionante.


A linha defensiva demonstra uma coordenação frágil e com evidências de recorrer a marcações individuais para responder às investidas do adversário. Com algum critério na saída e qualidade na última decisão e o FC Porto podia ter saído com um resultado ainda mais constrangedor.


Nesta fase ainda não podemos avançar mais do que indícios. À primeira vista as minhas desconfianças fazem sentido. Veremos o que nos reserva a segunda parte.

Até já!

8 comentários:

  1. Boas! Já tinha visto o teu trabalho sobre o Estoril e também gostei, apesar de não ter comentado. Excelente!
    Só 2 apontamentos:
    1. No primeiro vídeo, dizes que o lateral dá largura e o extremo a linha de passe interior e para mim isso é um problema. Aliás, não será exactamente isso, mas mais o movimento que o Josué faz. Repara que quando o Fernando recebe, o Josué procura dar linha de passe "lateral" quando isso deveria ser função de um dos médios (depois Herrera também dá essa linha) e o extremo deve manter o apoio frontal para permitir progressão. Depois o Josué apercebe-se, mas entretanto já levou o jogador adversário para cima do Herrera e obriga o mexicano a passar para trás.
    2. No terceiro vídeo, além da má reacção à perda e dos maus posicionamentos do Herrera e do Varela, também me parece que a linha da defesa está muito longe. Se a linha estivesse perto, Maicon "fechava" o losango e aquela bola não entrava.

    Atenção, não quero com nenhum dos comentários dizer que a tua leitura está errada, pelo contrário. Só quero acrescentar alguns pormenores que para mim são importantes.

    Cumprimentos!

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  2. Luís,

    Tens razão no que dizes no ponto 1. No momento em que parei o video, considero que o posicionamento de Josué é adequado e com um passe vertical ultrapassavam uma linha do Nacional. Mas depois de Fernando receber e em vez de enquadrar, faz o movimento interior, O Josué vem dentro demais e acaba por dificultar a tarefa de Herrera. Em vez de limpar o espaço fez o contrário... Mas penso que neste caso o princípio do lateral por fora e o extremo por dentro (para dar possível apoio frontal, como dizes) faz sentido.

    No ponto 2 concordo que os dois centrais (e Alex Sandro que estava a chegar) deviam estar no limite do meio campo e assim talvez conseguissem antecipar o adversário. Só a distância do atacante ao meio campo (uns bons 20m) podem desculpar o facto de não encurtarem o espaço...

    Cumprimentos,
    Telmo Frias

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  3. Sim, para mim também faz todo o sentido esse princípio da largura. Só discordo da opção do Josué (ainda que o Herrera esteja um bocado longe quando o Fernando recebe a bola e pode ter sido por isso que o Josué fez o que fez).

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  4. Luís,é provavel que tenha sido esse o critério de Josué.

    Mas tens razão quando dizes que nesta situação abusou e deixou pouco espaço para Herrera.

    No entento continuo na minha, se Fernando ao receber se enquadrasse podia e fizesse um passe vertical para Josué tinha sido melhor para todos.

    Cumprimentos,
    Telmo Frias

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  5. Só acabaste agora a primeira parte e já tens mais duas partes de outro jogo para falar :-D

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  6. Tens razão, o Paulo Fonseca vai dar muito trabalho nos próximos tempos! :)

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  7. Bom dia.

    Quando dizes que a utilização dos corredores tem à ver com a propensão ofensiva dos laterais, devo discordar. Para mim, tem unicamente a ver com o posicionamento adoptado pelos jogadores no modelo. Pela falta de apoios frontais no corredor central. Isso vai originar uma maior propensão para jogar por fora, uma vez que dentro à frente da linha da bola, há poucos jogadores em apoio e muitos em profundidade. É uma questão de modelo de jogo. Veja-se o Barcelona com Alba e Alves por exemplo no ano passado.

    Quanto a reacção à perda continua a ser outra questão de modelo. Quando se perde a bola, nesse lance que mostraste, quantos jogadores estavam nas imediações da bola? Claro que assim é fácil falar de referências individuais porque Varela era o único lá. Depois na correcção que fazes, concordo que os médios devam estar em linhas diferentes, mas acho que ali a reacção deve ser contenção, e baixar para posições conservadoras, ou o Varela fazer falta tal é a inferioridade a que ele se encontra.
    Concordo com o posicionamento dos médios em linhas diferentes, mas Acho que eles deveriam ter recuado para junto da linha defensiva que garantia, bem, a profundidade, uma que o jogador do Nacional estava em condições de explorar o espaço nas costas, pela distância a que se encontrava a contenção.

    Quanto à linha defensiva, os lances são pouco esclarecedores. No primeiro lance Maicon defende mal o espaço interior, mas isso tem pouco a ver com a referência hxh. Tem mais a ver com a própria qualidade individual do jogador. Os outros dois tentam garantir bem a profundidade, defendendo em linhas diferentes do homem da contenção.

    No segundo lance vês Alex a recuar sem ter olhado uma vez para o adversário, que tu colocas como par. Na área os centrais estão posicionados muito bem, e quando o avançado está no espaço do central é normal que se deva ter atenção a ele.

    A única correcção é o posicionamento dos médios, um na cobertura outro a formar um triângulo com os centrais. Mas como me parece ser outro lance de transição, acho que o médio está a baixar e chega atrasado.

    Abraço

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  8. Akwá,

    No primeiro ponto tu dizes que o Porto joga pelos corredores laterais porque não há apoios frontais por dentro. Eu digo que não há apoios frontais interiores porque o modelo previlegia os corredores laterias. Não tenho como comprovar qual de nós está certo mas o que tenho a certeza é que o modelo é frágil nesta componente, independentemente da causa que leva a este compoprtamento colectivo.

    Em relação à situação de reacção à perda, vejo uma situação de 4x4. Não há assim uma desvantagem tão clara. E se Varela apertásse o portador assim que há a perda, o apoio frontal deixava de ser uma possibilidade e passava rapidamente para 4x3... No entanto, a solução que propõe é tão ou mais válida que a minha! Baixar o bloco e organizar a partir daí resolvia o problema e com menos riscos (e com menos possibilidade de recuperar a bola perto da baliza adversária; mas já sabemos: menos risco, menos lucro). Agora o que eu quero mostrar com este lance é que não há uma ideia colectiva para responder à transição defensiva. Cada jogador interpreta o lance e decide com base em critérios individuais.

    Ainda no lance da reacção à perda, Otamendi garante a profundidade mas Alex está mal. Ao ficar "numa linha diferente" dá ao adversário espaço para receber à frente deste e nas costas de Otamendi sem cair no fora de jogo. Tivesse o passe entrado com qualidade e no tempo certo...
    No segundo lance, Maicon fecha mal o espaço interior, Otamendi não quer saber da linha e está apenas preocupado com o avançado e Alex está numa linha diferente porque o adversário também está. E o médio não está a baixar, está agarrado à referência individual, claramente...

    Cumprimentos,
    Telmo Frias

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