quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Primeira impressão do Benfica de Vitória


O Benfica ganhou 4-0, mas o resultado não podia ser mais enganador. O jogar do Benfica foi o mesmo que vimos na final da supertaça, o que mudou foi o adversário e a qualidade individual (e colectiva) que o Estoril não possui.

Organização defensiva débil, pouco cuidada e a permitir espaço ao adversário em demasiadas circunstâncias para uma equipa que estava habituada a controlar os adversários de uma forma extremamente cuidada e ao detalhe. Desta vez decido dar ênfase à falta de preocupação que a equipa demonstra (e com isto o treinador, uma vez que ele que decide trabalhar ou não todos estes detalhes) no controlo do espaço à frontal à baliza (um dos mais importantes na organização defensiva). A dinâmica dos dois médios que o Benfica continua a tentar impor simplesmente desapareceu. O jogo de coberturas esfumou-se e quem paga é a linha defensiva, que acaba exposta muito mais vezes do que no passado.


Em relação à organização ofensiva, neste jogo a saída desde o guarda-redes foi muito facilitada pelo facto de o adversário abdicar de pressionar essa saída. Os dois centrais saíram sempre com bola facilmente e até a ajuda de Fejsa foi poucas vezes solicitada. No entanto os problemas começam logo a seguir a esse momento. Depois da bola controladas pelos centrais (ou Fejsa) as opções de passe para progressão desaparecem. Pizzi dá sempre a cara mas é só um e isso facilita o trabalho do adversário. Gaitán a espaços fechou no corredor central para ser essa solução e conseguiu resolver alguns problemas, mas nem sempre o fez. Resta saber se isso passa pela ideia do treinador ou se são "bons vícios" do passado. Ola John nunca conseguiu perceber que era preciso fazer o mesmo que o colega do flanco oposto para aumentar as linhas de passe ao portador e foi simplesmente nulo neste momento (será por ter menos rotina do ano anterior?). Jonas em 3 ou 4 lances foi a solução encontrada, chegando a pisar zonas antes do meio campo para que a equipa conseguisse progredir com bola até zonas de criação.


Com poucas oportunidades de continuar as jogadas pelo corredor central, o caminho são sempre os corredores laterais. Os extremos (e em poucas situações os laterais) são quem acaba por ter de carregar o peso das decisões no ataque, quase exclusivamente recorrendo a cruzamentos para a área.


Resumindo, jogo muito pouco conseguido pela equipa do Benfica em todos os momentos do jogo. O resultado, relembro foi de 4-0. E refiro isto novamente para que se perceba que seria fácil nesta altura dizer que a equipa está a crescer e que o futuro é risonho. Não me parece que seja... O primeiro nasce de um cruzamento, o segundo de penalty após remate sem nexo a 30 metros da baliza e o terceiro de cruzamento. O último golo foi diferente e foi a única vez em que vi uma combinação entre jogadores do Benfica no ataque. Aconteceu aos 89' quando o Estoril já não era equipa.

Uma palavra para a utilização de jogadores da "formação". Nelson Semedo é um jogador com potencial mas fez até agora dois jogos banais, com muitos erros e duas ou três arrancadas promissoras. Vítor Andrade e Gonçalo Guedes foram opção porque o plantel é débil nessa posição (Gaitán e Ola John são as únicas opções neste momento) e não porque tenham feito algo para o merecer mais do que em outras épocas.

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