Já era do conhecimento dos que acompanham de perto o fenómeno futebolístico que a formação do FC Porto está a formar uma série de jovens com uma qualidade tremenda e esta vitória da Champions veio confirmar isso mesmo. Jogadores como o guarda-redes Diogo Costa, os centrais Diogo Queirós e Diogo Leite (titular em seis jogos da equipa principal do FC Porto nesta época), os médios Fábio Vieira e Romário Baró e ainda um dos mais promissores, o avançado Fábio Silva que tem apenas 16 anos quando terminar esta época e é juvenil de segundo ano, são conhecidos do grande público e alguns deles estiveram envolvidos nas últimas grandes conquistas das nossas selecções jovens : Euro U17 em 2016 e Euro U19 em 2018.
Esta qualidade toda faz despertar nos adeptos uma vontade muito grande de os ver actuar ao mais alto nível com as cores do seu clube, algo que não tem sucedido muito na equipa do FC Porto nos últimos anos. André Silva, Rúben Neves e Diogo Dalot (que faz parte da mesma geração) chegaram à equipa principal mas foram sempre vendidos antes de poderem ser indiscutíveis e os adeptos começam a desesperar sobretudo numa altura em que aposta no rival Benfica tem sido forte e com resultados interessantes (João Félix, que saiu do FC Porto para assinar pelo SL Benfica, ainda está atravessado na garganta de muitos adeptos do clube da invicta).
Pinto da Costa, que sabe como ninguém a importância dos adeptos nos momentos mais difíceis, pode estar a pensar em forçar de alguma forma a entrada destes jovens no plantel principal (um pouco à semelhança do que fez Vieira no Benfica) para acalmar a massa associativa, mas pode ter um problema maior se isso acontecer. Sérgio Conceição será o treinador certo para enquadrar estes jovens, habituados a um futebol com base na qualidade técnica e na tomada de decisão, num modelo de jogo que os valorize e retire o melhor que eles podem oferecer? Um treinador que dispensa Gonçalo Paciência para apostar em Marega e Soares, que desce Diogo Leite à equipa B para ir buscar Pepe ou que aposta em Herrera ou Danilo e deixa constantemente de fora Oliver, vai apostar nestes miúdos com capacidade para um jogo de outro nível mas que não tem nos seus atributos físicos a principal arma?
A resposta a estas perguntas é NÃO! É muito provável que Sérgio Conceição queira para a sua equipa jogadores que correspondam ao seu padrão de jogo: velocidade, agressividade física, força nos duelos, etc. Por isso a SAD do FC Porto pode estar numa encruzilhada semelhante à que Luís Filipe Vieira passou no Benfica quando percebeu que Jorge Jesus não estava disposto a abdicar de contratar de jogadores estrangeiros de nível superior para passar a dar tempo de jogo a jovens da formação (toda a gente se lembra de Bernardo Silva). Vamos ver se há coragem para mudar para os lados do Dragão.
Post muito interessante, como é habitual por aqui.
ResponderEliminarSe Pinto da Costa estiver mesmo numa encruzilhada semelhante à de Vieira há uns anos, recomendo fortemente a mesma solução: contratar Rui Vitória!! :-D
A encruzilhada é um pouco diferente, quando JJ não apostava na formação como se faz agora era porque no plantel principal havia pouco espaço para isso. O investimento na equipa era incomparável. No FC Porto o problema pode ser mais filosófico e na minha opinião, mais complexo. Se SC apostar pode estragar o crescimento destes orientando o treino para questões mais físicas, se não apostar a massa associativa pode cobrar...
ResponderEliminarApostar no Rui Vitória era excelente! Do ponto de vista de um benfiquista claro... :)
Abraço e obrigado por passares por aqui.